O Close(to) esteve presente na pré-estreia de Eu e Meu Guarda-Chuva na semana passada. Fizemos uma análise do filme, que está em cartaz desde a última sexta (8).
| Atenção! O artigo a seguir contém spoilers - revelações sobre o enredo. |
| Se você não viu o filme e quer manter a surpresa, não leia |
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Cinema cheio, crianças por todo lado. Havia muito tempo que eu não ia a uma sessão infantil. Desde 96, em Toy Story – nada menos que minha primeira vez na sala escura. O filme começa com uma calma sequência em que o protagonista, Eugênio, lamenta a ausência do avô, morto recentemente. Ele lhe deixou um guarda-chuva, que faz o garoto se sentir mais forte e confiante.
Eugênio e os amigos, Frida e Cebola, estão muito ansiosos com o primeiro dia de aula. Eles decidem ir ate à escola Von Stafen descobrir os mistérios que rondam o local. Segundo contam, o fundador, que dá nome ao colégio, era um homem muito severo e bastante cruel com os alunos. Um dia, porém, o barão encontrou um aluno que definitivamente sabia nada e, então, morreu de raiva. A partir da aí, conta-se que o espírito do professor ronda a escola.
Eu e Meu Guarda-Chuva é uma história que mistura sonho e realidade. Eugênio sonha que Frida foi sequestrada pelo barão. Ao verificar na realidade se isso de fato ocorreu, constata que a menina não está em casa. Ao tentar resgatá-la, o protagonista conta com a ajuda de Cebola. No percurso, ele acaba por perder o guarda-chuva, o que o leva para os mais diferentes locais, inclusive um avião com destino a Praga, na República Tcheca.
Dirigido por Toni Vanzolini, o longa não parece ser brasileiro. As imagens lembram o clima de Harry Potter, mas nem de longe o filme - baseado na obra de Branco Mello, Hugo Possolo e Ciro Pessoa - quer se passar por uma cópia da saga cinematográfica do bruxinho. A iluminação é adequada ao clima que se quer criar com a história.
Os atores estão super bem. Victor Froiman, que vive o Cebola, merece um capítulo à parte. Não existe uma cena em que ele – com dor de barriga - não arranque do espectador uma boa risada. Aliás, ‘Meu Guarda-Chuva’ é temperado com boas doses de ironia e sarcasmo nas falas das personagens. Rafaela Victor, que vive Frida, é convincente. Por falar tanto do filme aqui no blog e, por saber que mais tarde ela apareceria como Paola Oliveira na fase adulta, durante as vezes em que a garotinha ganhava a telona, era inevitável compará-la com Paola. A personagem possui uma doçura e uma meiguice que a atriz lhe empresta com fidelidade e, por isso, também é um dos destaques do longa. Lucas Cotrin, o Eugênio, também está bem. Por ser o protagonista e conduzir a história, é dele a maior responsabilidade. Mas é fato que em alguns momentos ele não se mostra totalmente à vontade no papel, de forma a criar uma interpretação marcante para a personagem. No fim, tudo dá certo e até origina um contraste que se mostra interessante entre o elenco infantil.
A história, outro destaque do longa, é interessante – e barulhenta -, cheia de viradas e ganchos movimentados. Foram inúmeras as vezes em que um garotinho, aparentando não mais que três anos, pedia para ir para casa. No entanto, bastava um segundo para que ele mudasse de ideia e se interessasse novamente pela história, envolvente, divertida e assustadora.
Assustadora porque Daniel Dantas mergulhou com tudo na essência do pérfido Barão de Von Staffen. O vilão tem por hábito fazer perguntas escolares que pouco interessam e somente ele sabe responder. As crianças chegam a gritar – prepare os ouvidos - nos momentos em que ele confronta e castiga os alunos. Um antagonista de mão cheia do único personagem adulto a ter maior destaque na história.
:: Pesadelo Airlaines
De repente os personagens acordam em um avião. Inicia-se então a sequência mais esperada pelos fãs de Paola e uma das mais calmas, claras e belas de todo o filme. Uma moça vestida de vermelho anuncia que o vôo vai começar. A comissária anda de poltrona em poltrona saudando os passageiros até que, ao chegar à de Eugênio, um bottom faz o garoto perceber que aquela é Frida, a menina por quem tem uma paixão e que, quando criança, sonhava em ser aeromoça. O menino fica intrigado e ao mesmo tempo surpreso com o que vê. Já Cebola, mostra se chocado com o fato de aquela menina metida se tornar mais tarde ‘uma tremenda gostosa’.
Quando a gente pensa que a participação de Paola acabou, eis que a dupla Eugênio e Cebola é conduzida à alfândega, onde é confrontada sobre a permanência no país sem passaporte. Lá, Frida aeromoça chega para salvar a pele deles, numa hilária sequência em que Paola fala em “russo de guarda-chuva”.
Por essas e outras você deve se levantar agora e ir ao cinema se divertir, se encantar e prestigiar essa belíssima obra do cinema nacional, rara oportunidade de ocorrer diante da mesmice que se viu nos últimos anos.
Aproveite o feriado, leve as crianças da sua casa e bom filme!
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