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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Paola Oliveira na Veja Rio: O preço da realeza!

A edição desta semana || 12/02 || da revista Veja Rio traz Paola Oliveira na capa e, em sua matéria principal, desvenda quanto custa (ou quanto custa ser) uma rainha de bateria. Atrizes, modelos, apresentadoras ou integrante da comunidade, a relação das musas varia de acordo com cada escola, que pode bancar a fantasia e uma série de mimos, como também cobrar pelo posto e por todos os gastos dele provenientes. O valor das despesas de uma rainha, segundo a reportagem, podem superar e muito o valor de um apartamento na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Saiba mais sobre o reinado de Paola Oliveira na Grande Rio e outras curiosidades das rainhas do Carnaval 2010.

E viva o luxo do Carnaval brasileiro! (Aos extremistas de plantão, sem demagogias, por favor!)

Carnaval

Brilhar a qualquer custo

Com dinheiro do próprio bolso ou das escolas de samba, as rainhas de bateria gastam uma fortuna e fazem qualquer sacrifício para impressionar no desfile. Em troca, ganham uma visibilidade rara

Alessandra Medina e Sabrina Wurm*

Fotos Fernando Lemos

Paola Oliveira, estrela maior da Grande Rio: paparicos, joias de presente e tratamento à altura de uma majestade

Historicamente, toda corte sempre foi chegada a gastos exorbitantes. As majestades da Marquês de Sapucaí seguem à risca essa regra. Em nome do prazer, da vaidade ou de ambos, as rainhas de bateria não poupam esforços – nem dinheiro – para impressionar na avenida. A lista de despesas reais é extensa, tem crescido a cada ano e inclui itens variados como tratamentos de beleza, ginástica e gastos com entourage dignos de uma representante da alta nobreza. Tome-se como exemplo a apresentadora Adriane Galisteu, soberana da Unidos da Tijuca. Entre a confecção da fantasia, as viagens na ponte aérea Rio-São Paulo de sua equipe (maquiador, cabeleireiro, produtor e assessor de imprensa) e a contratação de seguranças durante as estadas na cidade, Galisteu desembolsou 210 000 reais de novembro para cá. A conta só não é maior porque, abençoada com uma genética de atleta e disciplinada na alimentação, ela não precisou de intervenções cirúrgicas, injeções de gás carbônico nem de outros recursos utilizados por suas companheiras de realeza. Neste ano, porém, terá um gasto extra. Grávida de três meses, será acompanhada por dois médicos ao longo de todo o trajeto e usará um frequencímetro para medir seus batimentos cardíacos. "É uma das minhas paixões. Não economizo um centavo", afirma.

À primeira vista, parece completamente insano torrar soma equivalente a um apartamento novo de quarto e sala em Botafogo por pouco mais de uma hora de glória. Mas um segundo olhar ajuda a entender os motivos por trás de tal decisão. Visto por cerca de 100 milhões de pessoas em 116 países, o desfile do Grupo Especial das escolas de samba cariocas, com apresentações no domingo (14) e na segunda (15), é um dos espetáculos mais admirados do mundo (veja a ordem das agremiações e os horários em www.vejario.com.br). Todos os anos, celebridades internacionais de grosso calibre desembarcam por aqui. São cantores, políticos, empresários, socialites, herdeiros, atletas e atores consagrados disputando espaço nos camarotes e a atenção da mídia. Estar no meio dessa gente já seria uma glória para muitas das ocupantes do trono. Mas ser aplaudida por 62 000 pessoas que vibram nas arquibancadas, com uma coroa na cabeça e à frente de 3 000, 4 000 súditos, na opinião delas, não tem preço. Visto por esse ângulo, qualquer sacrifício vale a pena. Atração da Porto da Pedra, a funkeira Valesca Popozuda é uma das que mais se esmeram na pré-temporada, recorrendo a todo tipo de adereço: aplique no cabelo, unhas de porcelana, cílios postiços, sobrancelhas de hena, lentes de contato grafite e uma prótese de 485 mililitros de silicone nos seios (veja a lista completa abaixo). Se forem computadas a fantasia, as sessões de lipoescultura e a remuneração de maquiador e cabeleireiro, a conta fica próxima a 80 000 reais. "Queremos estar ma-ra-vi-lho-sas na Sapucaí", diz, em plural majestático, a dançarina.

Edson Teofilo
Luiza Brunet, musa da pista, reina
na avenida desde 1986: suavidade
do pilates como preparação

A ampla maioria das soberanas arca com as próprias despesas, sejam elas de ordem pessoal ou relativas ao desfile. Nesse grupo, estão Galisteu, Popuzada e outras. Existe, no entanto, uma minoria ainda mais privilegiada que recebe mimos e regalias para dar as caras na avenida. Quase sempre são atrizes em evidência que arrastam uma multidão de fotógrafos por onde vão. Quando isso acontece, as escolas bancam a maior parte do custo. Nesse seleto rol está a atriz Paola Oliveira, que recebe da Grande Rio tratamento digno de princesa. Desde que assumiu o trono, no Carnaval passado, ela já ganhou um par de brincos de ouro branco com brilhantes e um colar, cedido por uma empresa de material esportivo, no valor de 200 000 reais (que vai a leilão após a festa). Também não teve de comprar a fantasia, estimada em 50 000 reais. Com os custos assumidos pela Grande Rio, sua rainha pouco meteu a mão na bolsa, mas ainda assim se viu obrigada a despender um trocado. "Pago uma fortuna ao meu personal", afirma Paola, cujos gastos com a malhação atingem 2 400 reais por mês. Ela contratou também um cabeleireiro, um maquiador e um produtor exclusivos para acompanhá-la aos ensaios técnicos e sessões de foto. Seu desembolso pessoal foi de 30 000 reais – apenas um terço do que a escola deve gastar com ela. A agremiação de Caxias, por sinal, é conhecida por tratar bem suas celebridades. Em 2004, no reinado de Deborah Secco, o presidente de honra Jayder Soares, aquele, chegou a contratar um helicóptero para levá-la ao casamento do irmão em Brasília. Há dois anos, o patrono alugou um apartamento na Barra para o estilista Carlinhos Barzellai poder ficar próximo de Grazi Massafera, moradora do bairro, e confeccionar a vestimenta da atriz sem atropelos.

Embora não faça parte de um quesito em avaliação e seu desempenho pouco, ou nada, influencie os jurados, a soberana da bateria tem sua importância na condução do desfile. Cabe a cada uma energizar ritmistas, agitar a arquibancada e ganhar a simpatia dos componentes da escola. Muitas vezes, lançam mão de alguma diplomacia – e grana, claro – para conquistar seus súditos. Com o intuito de afagar o pessoal da bateria, Paola Oliveira distribuiu no Natal 350 panetones à turma. Adriane Galisteu vai ainda mais longe. Costuma cobrir as despesas da ala mirim da Rocinha, escola na qual já desfilou e que hoje está fora da elite do Carnaval. Formada em jornalismo, a modelo Thatiana Pagung, destaque da Mocidade Independente, bancou nos últimos dois anos a fantasia da madrinha da escola de samba mirim Estrelinha da Mocidade. "Não é para puxar o saco, faço por amor", jura.

Fernando Lemos
Thatiana Pagung, da Mocidade: gastos
da ordem de 53 000 reais para fazer
bonito no Sambódromo

Por mais diminutas que pareçam, as vestimentas da realeza correspondem aos maiores valores empenhados. A mais barata delas está em torno de 30 000 reais, quantia paga por Renata Santos, musa da Mangueira. Os preços altos são inflacionados pela matéria-prima utilizada, em geral importada. Cada pena de faisão, por exemplo, custa 70 reais. E haja pena numa fantasia. Só em um resplendor, como são chamadas as armações fixadas às costas das rainhas, são espetadas cerca de 200. Portanto, lá se vão 14 000 reais apenas com esse item. Outra preciosidade que ajuda a encarecer são os cristais Swarovski. Adriane Galisteu desfilou certa vez com um macacão cravejado dessas pedrinhas, colocadas uma a uma, no valor total de 100 000 reais. Neste ano, ela foi mais parcimoniosa. Sua fantasia para o enredo É Segredo, da Unidos da Tijuca, saiu por 75 000 reais, com pena de faisão e tudo o mais. Nem todos os gastos, evidentemente, precisavam ser feitos. As próprias musas reconhecem que há exageros. Thatiana Pagung quase se arrepende de ter arrematado um vestido para usar em uma única gravação de TV. A extravagância momesca saiu por 5 000 reais. "Às vezes, perdemos mesmo a noção", admite.

A gênese das rainhas de bateria remonta a 1985, quando a modelo Monique Evans, então no auge da boa forma, abriu alas para os ritmistas da Mocidade Independente. Mas quem deu fama à função – e também se notabilizou nela – foi sua alteza Luma de Oliveira. Logo na estreia, em 1987, ela causou furor como madrinha da Capri-chosos de Pilares. Após atravessar a avenida com os seios de fora, ela se deu conta do rebuliço provocado ao ver o batalhão de jornalistas à sua espera na área de dispersão. Depois de quatro temporadas sem desfilar, Luma retornou à pista no ano passado no papel de musa da Portela. Agora, ausenta-se novamente. A majestade mais longeva em atividade é a ex-modelo Luiza Brunet, com seu estilo classudo, primeiro a serviço da Portela, em 1986, e depois da Imperatriz Leopoldinense. No decorrer do tempo, muitas mudanças aconteceram no papel de rainha de bateria. A metamorfose mais evidente está no corpanzil das moças: basta comparar as imagens de Luiza Brunet e da novata Valesca Popozuda. O adjetivo diz tudo. Popozuda é o paradigma de uma geração que prima pelos músculos hipertrofiados, em oposição ao porte longilíneo de Luiza Brunet. Ficar bombada assim exige investimento. Integrante da divisão Panzer, a dançarina Gracyanne Barbosa, da Vila Isabel, malha quatro vezes por semana, além de fazer massagem modeladora e carboxiterapia, uma injeção de gás carbônico na camada superficial da pele para disfarçar celulites. Graças à visibilidade dos carnavais passados, ela e a colega Renata Santos ganharam bolsa integral de academias de ginástica e têm permuta com clínicas de estética. Ainda assim, gastam 60 000 reais cada uma para desfilar.

Marcos de Paula/AE
Gracyanne Barbosa, destaque da Vila Isabel:
o empurrão do namorado, o cantor Belo, foi decisivo

Como só existem doze agremiações na elite do Carnaval do Rio de Janeiro, poucas candidatas são coroadas rainha. Naturalmente, um posto de tão alta exposição e inegáveis vantagens torna-se alvo de intensa disputa – e maledicências. No vale-tudo para conseguir o título nobiliárquico do samba, as postulantes adotam táticas variadas e chegam a trocar insinuações de favorecimentos escusos. A modelo Angela Bismarchi afirma que sua sucessora na Porto da Pedra, Valesca Popozuda, comprou o cetro por 150 000 reais. "Foi o valor que a escola me cobrou, e eu recusei", garante. A acusada nega tudo. Afastada da Passarela do Samba carioca, Angela vai exibir seus novos airbags de 500 mililitros na festa paulistana. De acordo com duas figuras conhecidas do mundo do samba, os tronos de Mangueira e Salgueiro também teriam sido colocados à venda por 60 000 reais. Os envolvidos negam a história. Há pelo menos um caso comprovado de compra. Rainha da Vila Isabel, Gracyanne lançou mão de uma moeda de troca: os shows do namorado, o cantor Belo. Em troca do posto da amada, o pagodeiro ofereceu à agremiação da Zona Norte 80% da arrecadação de duas apresentações feitas em sua quadra nos dias 28 de novembro e 6 de fevereiro. "Há quem beba ou fume", explica Adriane Galisteu, sobre o fato de desfilar grávida de três meses. "Eu preciso sair no Carnaval."

Fernando Lemos
Renata Santos, estreante da Mangueira:
70 000 reais na fantasia e em tratamentos de beleza


* Colaborou Mariana Amaro

1 comentários:

Dj Fazzolo disse...

Se bem q Paola brilha de qualquer forma... com custos e sem custos... ela é linda, e de altissimo nível... um sonho... q existe... mas não esta ao alcance...

Paola 4ever...